Cine Vitória: o famoso cinema de Tremembé
Em nossa pequena e pacata cidade, já existiu um “point” muito famoso que movimentava nossa atual Praça Geraldo Costa, na época, conhecida como Praça Paulo de Frontin. Estou falando do nosso inesquecível cinema, que foi administrado pelo Senhor Adolfo Piccina.
Todos aguardavam o relógio bater às 20 horas para entrar na sessão e assistir grandes filmes do Mazzaropi, de terror e no estilo faroeste ‘’bang bang’’.
Diziam que o filme Exorcista quando passava na telona de nossa cidade, abalava a todos. Ninguém ia pra casa sem estar acompanhado. As mocinhas davam os braços e juntas, iam casa a casa deixando as amigas. Pensa! Naquela época a iluminação pública praticamente não existia. Isso sem contar as lendas presentes nas histórias de nossos tios, avôs e amigos entorno das fogueiras, dos temíveis lobisomens, mulas-sem-cabeça, corpos-secos, entre outros.
Os machões de plantão se despediam dos amigos e ao virar a esquina, já davam aquele ‘’pinote’’ que levantava poeira, em direção as suas casas. Tudo isso, devido o filme ser muito forte para a época.
Aos domingos, existia a sessão matinê, que começava especialmente às 14 horas. Quem tomava conta de colocar as bobinas dos filmes nos longínquos projetores para as pessoas assistirem era o Sr. Silvio, filho da Dona Maria do Carmo. Seu amigo Chita, como era conhecido por todos na cidade, também participava do serviço.
Quem vendia ingresso na bilheteria era a Terezinha e quem pegava os ingressos na portaria era o Sr. Geraldo Lima, alguns diziam que ele era um pouco bravo.
Se alguém quisesse balas, tinha logo na entrada do cinema e quem vendia eram os próprios filhos do Geraldo Lima.
Para os apaixonados por pipocas, na parte externa do cinema, existia aquele tradicional carrinho de madeira, que exalava aquele irresistível e incomparável cheirinho. Sr. João e seus filhos, Osmar e Orlando, tomavam conta do famoso carrinho de pipoca.
Não gosta de pipoca? Que tal então os amendoins torrados do Sr. Amadeu, que era filho da Dona Cida. Diziam na época que era a melhor cocada da cidade.
Como ao entrar naquela escuridão do cinema e achar seu acento correspondido com o número do ingresso? Todas as cadeiras eram numeradas! Ai que entrava o grande "Parada", homem alegre e sempre descontraído, ficava com sua lanterna ajudando as pessoas com suas respectivas poltronas numeradas.
Lembrando que no fundo do cinema, existiam duas poltronas separadas para as autoridades da cidade, como para delegados, políticos ou celebridades convidadas.
O palco de nosso cinema também era reservado para entrega de diplomas dos ginásios das escolas da cidade. Principalmente o Manoel Cabral utilizava esse espaço.
Além de tudo isso, podemos afirmar! Que o nosso cinema foi cenário para o início de muitos relacionamentos que perduram até os dias de hoje. Alguns já se acabaram, mas todos nunca irão esquecer aquele famoso escurinho do cinema.
Assim era o nosso glorioso e inesquecível Cinema de Tremembé “Cine Vitória’’.
Texto escrito por Fabiano de Paula, com a ajuda de seus pais Antônio e Madalena.
Agradecimentos a Solange Mollica pela foto do ingresso.
A Câmara Municipal, em nome dos vereadores e funcionários, agradece mais uma vez nossos colaboradores, por mais esse brilhante conto estampado na história de nossa cidade.
Mande você também a sua história, causo ou curiosidade sobre nossa cidade, através do WhatsApp do Povo (12) 99740-4374.